A corrente mudou de direção


Mesquita dos muçulmanos em Foz do Iguaçu: leva recente, fugida da guerra

Em setenta anos, contados a partir da última década do século XIX, 5 milhões de estrangeiros instalaram-se no Brasil. Hoje, a situação inverteu-se. De país tradicionalmente receptor de imigrantes, o Brasil passou a exportador. Há pouco mais de 1 milhão de estrangeiros morando aqui e entre 1,5 milhão e 2 milhões de brasileiros vivendo no exterior. Na virada do século XIX, o Brasil queria que os estrangeiros viessem. Com a abolição da escravatura em 1888, era preciso substituir o negro pelo branco como mão-de-obra para as lavouras. Havia também um projeto de "embranquecimento", coerente com as teorias raciais da época. A política de atração do governo incluía pagamento de passagens, emprego certo e até promessas de terras, nem sempre cumpridas.



O Brasil começou a fechar a porta à imigração com a Constituição de 1934, que adotou um regime de cotas para a entrada de estrangeiros. Nos anos 50, foi criada a Carta de Chamada, pela qual o estrangeiro só recebia visto de permanência com garantia de emprego. "Hoje, a orientação do governo é para que a imigração seja seletiva, apenas para profissionais que tragam conhecimento ao país", afirma Luiz Paulo Barreto, do Ministério da Justiça. "Na prática, o que às vezes significa ilegalmente, os imigrantes que recebemos são de lugares em que a situação econômica ou política é pior que a nossa", diz a socióloga Lucia Bógus. Um exemplo é o próprio Líbano, dilacerado pela guerra civil de 1975 a 1990, o que provocou uma nova leva de imigrantes. Muçulmanos na maioria, concentram-se em Foz do Iguaçu.


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